A cada 12 minutos uma pessoa entra para as estatísticas após se tornar vítima de um roubo no Paraná. Pelo menos foi assim em 2021, quando cerca de 45 mil paranaenses tiveram algo roubado, ou seja, algo subtraído mediante grave ameaça ou violência. Isso significa, ainda, que 0,5% da população com mais de 15 anos no estado foi vítima de algum roubo ao longo do ano passado.
Os dados, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fazem parte de um módulo inédito da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), chamado “Furtos e Roubos” e realizado em uma parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública. E esse estudo revela também que a violência atinge uma parcela considerável das famílias.
Sempre considerando o ano de 2021 como referência, 3,6% dos domicílios paranaenses tinham, pelo menos, um morador que foi vítima de furto, porcentual que corresponde a 145 mil domicílios no estado. Diferente do roubo, o furto é descrito como subtração, ou seja, diminuição do patrimônio de outra pessoa, sem que haja violência.
Além disso, 34 mil domicílios paranaenses também tinham algum morador que foi vítima de assalto, o equivalente a 0,84% das residências em todo o estado.
Grande parte das ocorrências sequer chega ao conhecimento das autoridades policiais
A pesquisa do IBGE também mostra que grande parte dos roubos e furtos ocorridos no país não chega ao conhecimento das autoridades policiais. No caso dos furtos de rua, por exemplo, em apenas 44,8% dos casos as vítimas relataram ter procurado a polícia e, mesmo entre essas pessoas, nem todas registraram a ocorrência: daqueles que procuraram ajuda da autoridade policial, 11,2% decidiram não fazer o registro formal na delegacia. Os dados não consideram ocorrências envolvendo a subtração veículos.
Nos casos de roubo, 57,9% das vítimas assaltadas na rua não procuraram ajuda da polícia, assim como 57,1% daquelas que foram roubadas dentro de casa e 52,4% daquelas que foram forçadas a entregar sua bicicleta ao assaltante. Mas assim como no caso do furto, mesmo entre aquelas que procuraram ajuda policial, nem todas fizeram o registro de ocorrência na delegacia.
Entre os motivos para não procurar a polícia nos casos de roubo, entrevistados pela Pnad destacaram: não acreditavam na polícia (26,9%), recorreram a terceiros ou resolveram sozinhos (24,3%), a falta de provas (15,2%) e o medo de represália (12,8%).
Por outro lado, os furtos de veículos, como carros e motos, apresentaram as maiores taxas de procura pela polícia ou guarda municipal. Uma explicação para esse resultado é o alto valor desses bens e os requisitos para o seguro. “Para acionar o seguro contra roubos de carros e motos, as vítimas precisam do boletim de ocorrência. Por isso, esses casos têm maior procura pela polícia”, destaca a analista do IBGE Alessandra Scalioni.
Sensação de segurança é maior nas áreas rurais
Considerando-se os dados nacionais, em 2021, o percentual de pessoas que se sentiam seguras no domicílio (89,5%) era maior do que o daquelas que se sentiam seguras em seu bairro (72,1%). Essa proporção é ainda menor em relação à sensação de segurança na cidade onde viviam (54,6%).
Os homens se sentem mais seguros que as mulheres. Além disso, o grau de segurança das pessoas que moravam em áreas rurais superava o das áreas urbanas. No bairro e na cidade, as diferenças eram de quase 14,0 pontos percentuais (p.p.) entre áreas rural e urbana.
Quatro em cada dez pessoas sentem que há boa chance de serem roubadas na rua
Entre as pessoas de 15 anos ou mais de idade, 40,0% afirmaram ter muita chance ou chance média de serem roubadas na rua. A seguir, vieram as chances de serem roubadas no transporte coletivo (38,1%) e de terem roubados carro, moto ou bicicleta (37,2%). Em quarto lugar ficou a chance de ter o domicílio roubado ou furtado (29,5%).
As demais proporções seguem com: pessoas com chance alta ou média de serem vítimas de agressão física (18,1%); estar no meio de um tiroteio (16,4%), ser vítima de bala perdida (16,4%); ter informações pessoais divulgadas na Internet (14,2%); ser vítima de agressão sexual (13,2%), ser assassinado (13,0%); ser vítima de sequestro (11,7%) e, por fim, ser vítima de violência policial (10,9%) ou ser confundido com bandido pela polícia (10,0%)
Celulares
Também foram investigados os tipos de itens furtados entre aqueles casos que ocorreram dentro ou fora do domicílio, ou seja, quando não são considerados carro, moto e bicicleta. Quando esse tipo de delito ocorreu dentro do domicílio, os bens mais citados foram telefone celular (21,6%), aparelho eletrodoméstico (20,6%), dinheiro (18,5%) e roupa ou calçado (16,6%), seguidos de joia, bijuteria ou relógio (9,8%), ferramentas (8,1%), botijão de gás ou outros combustíveis (7,8%) e animais de criação (5,7%). As armas e munições também foram citadas (0,6%). Nos casos ocorridos fora do domicílio, os itens com maiores proporções foram telefone celular (61,1%), dinheiro (23,1%), documento (13,4%) e cartão de débito, crédito ou cheque (12,3%).