O Brasil perdeu para o desmatamento 15% das florestas naturais em todos os biomas nos últimos 38 anos, entre 1985 e 2022. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (20) pelo Mapbiomas, que considera as estatísticas preocupantes e defende estratégias de conservação específicas para cada região do país.
Em 1985, as florestas naturais ocupavam 581,6 milhões de hectares do território brasileiro. Em 2022, a área caiu para 494,1 milhões de hectares. A redução total é equivalente a 3,5 vezes a área do estado de São Paulo.
Segundo o estudo "As Florestas do Brasil 1985 - 2022", a quase totalidade, 95%, da derrubada no período deu lugar à agropecuária, ou seja, pastagens ou cultivo agrícola. O dado indica que a expansão do agronegócio é a principal causa da devastação ambiental.
Outro dado alarmante indica que o ritmo da devastação das florestas cresceu nos últimos cinco anos. O período responde por 11% de todo o desflorestamento dos últimos 38 anos.
"As florestas são importantes não apenas para manter o equilíbrio climático, mas também para proteger os serviços ecossistêmicos vitais para a sociedade e sua economia. A perda contínua das florestas representa uma ameaça direta para a biodiversidade, a qualidade da água, a segurança alimentar e a regulação climática", salientou Julia Shimbo, coordenadora científica do MapBiomas.
Os tipos de florestas naturais analisados pelo Mapbiomas são: formações florestais, savanas, florestas alagáveis, mangue e restinga.
Amazônia e Cerrado lideram devastação
Os biomas mais desmatados foram a Amazônia, que perdeu 13% de suas florestas naturais, e o Cerrado, com 27%. Juntos, esses biomas responderam por mais de 80% do desmatamento de florestas naturais nos 38 anos analisados.
Os dois estados com maior perda de vegetação estão inseridos no chamado arco do desmatamento, onde a pecuária avança de forma mais rápida sobre a floresta amazônica: Mato Grosso, com 31,4 milhões de hectares derrubados, e Pará, com 18,4 milhões. Rio de Janeiro e São Paulo foram os únicos a ganharem área de floresta.
Enquanto a floresta amazônica caminha, segundo especialistas, rumo ao chamado ponto de não retorno, cresce a preocupação dos cientistas a respeito das savanas, formações caracterizadas por vegetações esparsas e com predominância de arbustos e gramíneas.
“Em biomas como no Cerrado e na Caatinga, que já perderam parte significativa de sua vegetação nativa, o ritmo do desmatamento das savanas é alarmante, principalmente na região do Matopiba, que ainda apresenta grandes remanescentes deste ecossistema, mas que estão sendo convertidos para a expansão da agropecuária”, destaca Barbara Costa, pesquisadora da equipe do Cerrado no MapBiomas.
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