Uma espera de pelo menos duas décadas, idas e vindas, promessas e enganação política são alguns dos elementos que fazem parte da longa história que envolve a expectativa do asfalto que vai ligar Porto Índio à Cruce Itakyry, Ruta 07, antiga Supercarretera no Paraguai.
Um trecho de aproximadamente 60 km está com o dinheiro reservado no Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID e o projeto já aprovado pelo Governo Central aguarda ainda alguns trâmites burocráticos na questão das indenizações de proprietário vizinhos da obra e no campo ambiental.
A prefeita de Maracajú, município a que pertence o Porto Índio que faz a ligação lacustre com o Porto Internacional de Santa Helena se manifestou nesta semana, durante entrevista ao canal Antena Uno Rádio e TV, cujo teor foi reproduzido em cadeia de rádio a partir da Meridional FM de San Alberto, também no lado paraguaio. (áudio)
Nanci Marissa Algarin Martinez se elegeu tendo nessa obra, uma de suas maiores promessas de campanha e manteve constantes contatos com autoridades competentes, principalmente em Assunção, com parlamentares, Presidência da República (anterior e atual) e o Ministério de Obras Públicas (MOPC), que agrega também a área de comunicação.
Certezas
A obra, aguardada há décadas pela comunidade local e por moradores de Santa Helena, será dividida em dois lotes. O primeiro compreende os 27 quilômetros iniciais da rodovia, enquanto o segundo começa no km 27 e chega até a beira do Lago de Itaipu.
A expectativa é de que a partir das últimas liberações que devem acontecer ainda este ano, em 30 meses serão executadas as obras (que devem ficar prontas no primeiro semestre de 2026) e 60 meses ainda estão previstos para posterior manutenção, ainda dentro do contrato com duas empresas que venceram as licitações.
O primeiro lote será executado pela empresa Benito Roggio & Hijos SA, que apresentou proposta no valor de G$ 153,7 bilhões (R$ 115,2 milhões à época). O lote final estará a cargo da empreiteira LT SA, que precificou o trabalho em G$ 153,1 bilhões (R$ 114,7 milhões). O custo total previsto é de G$ 306,8 bilhões (R$ 229,9 milhões).
Uma vez concluído o acesso a Porto Índio, que hoje é feito por estrada de terra, a expectativa do governo paraguaio é dinamizar a economia da região, beneficiando moradores de municípios como Maracajú, San Alberto e Minga Porã, cujos produtos agrícolas poderão ser escoados em direção ao Brasil pela nova rota.
Durante manifesto na segunda-feira (23) e terça-feira, além de assuntos ligados ao porto, principalmente pelo risco de cessar a travessia via Sanga Funda, os grevistas bradavam também pelo “asfaltado” que é como se referem à pavimentação asfáltica no país vizinho.
Em dias de chuva a ligação internacional fica interrompida, em épocas de tempo seco, o “poeirão” torna o trajeto na região muito perigoso, inclusive já tendo sido registrados acidentes fatais.
Luta brasileira
O prefeito de Santa Helena e presidente do Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu, Evandro Grade, participou recentemente da Expo Brasil Paraguai em Assunção e o tema também foi levantado pelo recém-formado Grupo Coordenado de Fronteiras que tem à frente o presidente da Acifi, Associação Empresarial de Foz do Iguaçu, Danilo Vendruscolo.
O GCF obteve frutos de sua incursão ao evento internacional nos dias 21 e 22 de setembro e comemorou também a visita posterior do governador do Paraná Ratinho Junior, que em companhia do secretário de Infraestrutura do estado, Sandro Alex, obteve em audiência, a afirmação do novo presidente paraguaio Santi Peña, de que o asfalto sairá mesmo do papel e é uma de suas prioridades.
O Grupo Coordenado de Fronteiras que é composto por autoridades municipais e iniciativa privada de Foz, Guaíra e Santa Helena, também assinou conjuntamente com a Câmara de Comércio Brasil/Paraguai, um termo de cooperação que envolve os dois países, com foco nas exportações e importações via porto seco de Foz, Porto Internacional de Santa Helena e Guaíra.
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