Uma nova pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (26), apontou que nunca antes um presidente em exercício que tentou a reeleição teve uma rejeição tão alta a apenas cinco meses da eleição. O levantamento mediu a rejeição dos presidenciáveis e apontou que 54% dos brasileiros não votariam em Jair Bolsonaro (PL) de jeito algum.
Desde que existe reeleição no Brasil (1998), a rejeição de Bolsonaro é a maior da série histórica para um presidente que busca o segundo mandato. Na última pesquisa Datafolha, publicada em março, ele já apresentava um índice de rejeição de 55%.
Apenas Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff tentaram reeleição nesse período. Os três conseguiram vencer e seguir no mandato.
O presidente em exercício costuma se sair melhor nas urnas, porque, além de já ser um nome conhecido, detém a máquina pública e pode conceder, por exemplo, benefícios que melhorariam sua imagem. Bolsonaro até anunciou o programa de transferência de renda Auxílio Brasil, mas a nova pesquisa Datafolha indica que isso não se reverteu em mais votos ou menos rejeição.
A última a tentar a reeleição estando no poder foi Dilma (PT). Em maio de 2014, 35% dos eleitores entrevistados pelo Datafolha disseram que não votariam de jeito nenhum nela no primeiro turno. Naquele ano, Dilma foi reeleita com mais de 54 milhões de votos. A candidata petista venceu o segundo turno com 51,64% dos votos válidos.
Quando tentou a reeleição em 2006, Lula (PT) teve a rejeição de 27% dos eleitores ouvidos pelo Datafolha em maio. Ele acabou sendo reeleito com 58 milhões de votos, o que representava 60,83% dos votos válidos.
O primeiro presidente reeleito após a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi FHC (PSDB). Ele foi o responsável pela emenda constitucional nº 16, de 1997, que abriu a possibilidade de reeleição para quem ocupava cargos no Poder Executivo em todos os níveis de governo.
De acordo com a pesquisa Datafolha realizada em maio de 1998, 26% dos brasileiros não votariam de jeito nenhum no ex-presidente tucano. Na época, FHC se reelegeu ainda no primeiro turno, com 35.936.918 votos, o que equivale a 53,6% dos votos válidos.
Como a taxa de rejeição afeta o resultado da eleição?
A rejeição a um candidato é medida nas pesquisas eleitorais a partir da quantidade de pessoas entrevistadas que afirmam que não votariam nele. Esse índice ajuda a avaliar qual é o "teto" de votação daquele nome.
Se uma pesquisa indica que a rejeição de um candidato é de 40%, por exemplo, a tendência indica que ele dificilmente conseguirá mais que 60% das intenções de voto porque, em tese, há outros 40% "bloqueando" o seu crescimento.
Os índices de rejeição não são estáticos e podem ir mudando ao longo da campanha para mais ou menos, em função das informações que os eleitores recebem e dos fatos que ocorrem. O candidato pode agradar ou não o eleitorado, a depender da estratégia adotada na campanha.
Em geral, especialistas afirmam que a tendência é que a rejeição a candidatos aumente no segundo turno, quando a eleição se torna mais afunilada.
Índices de rejeição se igualam aos de 1989
Faltando poucos meses para o primeiro turno das eleições 2022, os índices de rejeição dos presidenciáveis só se igualam aos de agosto de 1989, ano em que o país voltou a ter eleições diretas após a ditadura militar.
A última vez que um candidato teve mais de 50% de rejeição foi o ex-deputado Ulysses Guimarães, na eleição de 1989.
O pleito foi o primeiro com voto direto para presidente desde o fim da ditadura militar, e Ulysses era tido como sucessor do governo de José Sarney, que terminou o seu mandato mal avaliado.
Na época, 52% disseram que não votariam em Ulysses naquela eleição.
O resultado foi que ele teve pouco mais de 4% de votos e terminou o primeiro turno na sétima colocação.
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