As promessas do presidente Jair Bolsonaro e a verdadeira novela que se criou no Congresso para debater projetos que baixem os preços dos combustíveis não têm agradado parte dos caminhoneiros. Após algumas reuniões entre lideranças, ficou acertado que a categoria vai começar a pressionar para que Bolsonaro se posicione em relação à política de preços da Petrobras. Além de ver a possibilidade de aprovação de PECs (Proposta de Emenda à Constituição) como muito difícil em ano eleitoral, parte das lideranças avalia que as medidas propostas pelo presidente são apenas "paliativas".
"A intenção é boa, porém, não vai funcionar, é um paliativo que vai reduzir a arrecadação e não vai no foco do problema que é a política de preço da Petrobras", disse à coluna o presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), Wallace Landim, conhecido como Chorão.
No início do mês, o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) apresentou uma nova PEC que permite reduzir impostos sobre combustíveis em 2022 e 2023, sem compensação fiscal. O texto, mais amplo que o do deputado Christino Áureo (PP-RJ), inclui o pagamento de um auxílio-diesel mensal de R$ 1.200 a caminhoneiros autônomos por até dois anos, subsídios ao transporte público e aumento da cobertura do vale-gás a famílias de baixa renda.
Por falta de consenso em torno do tema, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), adiou a votação das propostas na semana passada, e voltou a marcar sessão para a próxima terça-feira (22).
Cobrança ao capitão
Chorão, que foi uma das lideranças da greve dos caminhoneiros em 2018, fez uma cobrança ao presidente Jair Bolsonaro e defende que ele tenha "coragem" para discutir o fim da política de preços da Petrobras.
"O governo precisa impor uma mudança na política de preços da Petrobras, parar de atrelar os custos da nossa matriz de combustíveis ao dólar — prejudicando muitos para enriquecer poucos. A revisão do PPI [preço de paridade de importação] e do papel da Petrobras é o que tem que ser enfrentado", diz.
"Coragem capitão, escute os caminhoneiros, a eleição está chegando e o Diesel não para de subir", completou Chorão, que já foi apoiador do presidente.
Agenda eleitoral
Chorão afirmou que ele e líderes de outras entidades terão encontros com os pré-candidatos à Presidência para conversar da agenda da categoria.
Questionado sobre como estava o diálogo com Bolsonaro ou com outros membros do governo, Chorão - que já foi apoiador do atual presidente - disse que as lideranças estão atuando "para proteger a categoria através da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas. Desse governo atual, até agora, só promessas", disse.
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