Cascavel – Somos pouco mais de um 1,4 milhão de habitantes. O oeste paranaense é conhecido mundialmente por suas terras férteis e por concentrar o maior número de cooperativas de proteína animal em um território dominado pelo agronegócio. Somando o volume de abates de aves nesses conglomerados, juntos, Oeste e Sudoeste do Paraná respondem por 2,6 milhões de aves processadas todos os dias. Em pouco tempo, a perspectiva é de que esses números saltem para 3,5 milhões de abate de aves diariamente.
E esse potencial tem sido fomentado pelas cooperativas e empresas integradoras
C.VALE
Conhecida na década de 1970 como Coopervale, hoje, a C.Vale é uma das três maiores cooperativas do Brasil, com um volume de abate no Oeste de 600 mil aves/dia. O gerente da Divisão Industrial da C.Vale, Reni Girardi, diz que há uma preferência mundial por carnes mais saudáveis no mundo. “É uma tendência. Mas com o encarecimento dos alimentos nos últimos anos, o consumo se retraiu. As camadas de menor renda têm mais dificuldade para comprar carnes e acabam por consumir alimentos de custo menor. Isso acontece no Brasil e também no restante do mundo. Ainda não se percebe esse aumento do consumo no mercado interno. Está em torno de 45 ou 46 quilos por habitante/ano”.
Sobre o tema rentabilidade no campo, ele comenta que o custo do milho diminuiu um pouco, mas como o Brasil vai exportar muito milho este ano, ele crê que caso ocorra a variação para baixo, não deverá ser muito expressiva. “A soja segue com preços elevados, então não vejo muito alívio, até porque o custo dos fretes e das embalagens segue alto. Afeta mais a indústria, mas o produtor também não fica de fora porque o custo do frete, da mão de obra e da energia também está alto”.
LAR
A produção de aves da Cooperativa Agroindustrial Lar tem qualidade reconhecida com padrão Global Gap de exportação. Atualmente, são mais de dois mil aviários de corte localizados no Oeste e Norte do Paraná. Somente na região oeste, são abatidas 800 mil aves ao dia. O desafio de implantar a avicultura em uma região de clima quente iniciou em 1999 e, desde então, a cooperativa ampliou sua produção, com qualidade e biosseguridade. Hoje, está presente em todos os elos da cadeia de produção, desde a produção própria de pintainhos, até o abate. Priorizando o bem-estar animal e todos os cuidados necessários à saúde dos trabalhadores, as quatro plantas frigoríficas correspondem ao abate de mais de 925 mil aves/dia.
DIP FRANGOS
A Dip Frangos, de Capanema, no Sudoeste do Paraná, abate todos os dias 140 mil frangos. A meta, com a ampliação da unidade que atingiu 70% de conclusão da obra, passará a abater 200 mil aves. O diretor da Divisão de Aves e Soja, José Uberti Machado, comenta que a meta é concluir as melhorias em 2024. A Dip Frangos responde por mais de 50% dos impostos gerados em Capanema.
COOPAVEL
Em Cascavel, a Coopavel abate diariamente 180 mil frangos e a meta é chegar a 240 mil frangos/dia já nos próximos seis meses.
Copacol: Desafio é abater 1 milhão até 2027
Na Copacol, a média diária de abate é de 750 mil aves nas duas unidades industriais. Até 2027, o desafio é chegar a 1 milhão de aves processadas/dia. Conforme o diretor-presidente da Copacol, Valter Pitol, a carne de frango conquistou o paladar dos consumidores: é tradicional no dia a dia e também nos fins de semana, com cortes mais nobres ou a ave inteira. A qualidade e o sabor fazem com que os brasileiros optem pela proteína, que também possui grande procura pelo mercado internacional. “Somos um grande exemplo de sanidade e preocupação com todo o processo de produção – da genética, passando pelo campo até chegar à indústria. A origem do produto é o diferencial: temos famílias comprometidas com a produção de alimentos saudáveis”, destaca Pitol.
O sistema integrado de produção garante maior estabilidade ao produtor: ele recebe da cooperativa a alimentação das aves, que sofreu grande impacto devido à falta de grãos no mercado interno. “Observamos nesse contexto a importância da segurança da cooperativa: em um momento delicado, a empresa garante todos os insumos e comercialização – atuação pioneira que chega a 40 anos”, completou o presidente da Copacol
Remuneração recorde
A remuneração paga ao avicultor depende muito do manejo em cada aviário. Há exemplos de produtores que conseguem excelentes resultados, nas mesmas condições, graças ao entendimento das orientações repassadas pela área técnica da cooperativa.
Em Nova Aurora, o cooperado da Copacol, Edilson Fabris, superou todos os índices. Ele recebeu o valor de R$ 2,29 por cabeça de frango – o recorde histórico da cooperativa. De março até agora foram sucessivos recordes. O cooperado de Goioerê, Lucas Sirotti, recebeu R$ 1,99 por cabeça de frango, valor que foi superado pela produtora de Campina da Lagoa, Siely Lourdes da Silva Primila, no mês de abril, que recebeu a cifra de R$ 2,03 por cabeça. Enquanto ela comemorava o bom resultado, os irmãos Iadicola de Rancho Alegre do Oeste se dedicavam para alcançar bons índices produtivos. Arnaldo e Agnaldo receberam R$ 2,05 no mês de maio.
Feliz com o lucro obtido, Edilson faz questão de elencar alguns dos principais fatores que o levaram ao excelente resultado. Segundo ele, cada manejo tem a sua importância dentro do processo de terminação, desde o preparo da granja no intervalo, o bom alojamento, aquecimento, distribuição da ração e temperaturas adequadas para cada ocasião, regulagem dos equipamentos, bem como os manejos sanitários, entre outros fatores.
“Com apoio da família me dedico ao máximo, estou sempre atento a cada detalhe, sigo corretamente as orientações técnicas, procuro oferecer todo o conforto que as aves necessitam, acompanho todo o desempenho dos frangos durante o ciclo do lote, enfim trabalho focado no bom resultado e graças a Deus consigo manter uma boa média de produção. Não tem segredo, é trabalho e dedicação”, conta o produtor.
Ele enfatiza a importância de ter a seu lado uma cooperativa que é referência na atividade, que lhe dá toda a condição de obter bons resultados. “A Copacol é a nossa grande parceira, nos dá todo o suporte, com genética de boa qualidade, ração de boa qualidade e na quantidade certa, alojamento e retirada dentro dos mais modernos padrões, enfim, graças a ela que fornece os insumos e nós com o nosso trabalho dedicado, é possível sim colher bons resultados”, conclui.
“Ele sempre teve uma boa média de produção, se dedica, toda a família é envolvida, sempre atento aos manejos e diante disso, e pelo bom desempenho das aves durante o ciclo do lote, esperávamos um bom resultado, mas com esse expressivo valor foi uma surpresa”, diz a extensionista Liana Monteiro. Ela conta que além dos bons manejos no processo produtivo, o produtor é muito cuidadoso e criterioso com as questões sanitárias, fato que também interfere positivamente nos resultados e o faz um avicultor acima da média.
Já o médico veterinário, André Watanabe, destaca o envolvimento da família com a atividade. Para ele, visitar o produtor é uma troca de experiência. “Ele é uma referência enquanto avicultor, a gente vem aqui em nossas visitas fazer uma interação, uma troca de informações sempre pensando nos melhores resultados”, frisa.
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