Deputados de oposição articulam a convocação do ministro da Educação, Milton Ribeiro, para que ele forneça explicações sobre possível interferência do governo de Jair Bolsonaro na formulação de questões do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, marcado para 21 e 28 de novembro.
Lideranças também defendem o afastamento de Danilo Dupas Ribeiro, presidente do Instituto de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep.
“A fala do presidente que diz que o Enem tem cada vez mais a cara do governo é uma confissão de uma interferência indevida”, disse a jornalistas nesta terça-feira 16 o líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ).
“Por esta razão, estamos propondo a convocação do ministro da Educação e representamos ao Ministério Público do Trabalho e ao Tribunal de Contas da União para que as devidas medidas sejam tomadas, essa interferência seja imediatamente interrompida e seja garantida a integridade do exame e a prevalência de critérios técnicos e não ideológicos nas provas”, completou Molon.
A ideia é de que Milton Ribeiro preste esclarecimentos à Comissão de Educação da Casa, presidida pela deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO).
Na segunda-feira 15, durante viagem a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Jair Bolsonaro disse que agora as questões do Enem “começam a ter a cara do governo”.
“Ninguém precisa ficar preocupado. Aquelas questões absurdas do passado, que caíam tema de redação que não tinha nada a ver com nada. Realmente, algo voltado para o aprendizado”, acrescentou o ex-capitão.
O líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ), ironizou a declaração pelas redes sociais. “Como seria o Enem com a cara de um miliciano?”, escreveu. Freixo também defendeu a saída de Danilo Dupas do Inep, medida “fundamental para que os servidores técnicos retornem e a prova do Enem seja realizada com segurança”.
Freixo afirmou que, ao lado dos demais deputados do PSB, acionará o TCU para que Dupas seja retirado do cargo.
Além da declaração de Bolsonaro, a reação dos deputados oposicionistas é impulsionada pela demissão de mais de trinta funcionários do Inep na semana passada. No pedido de exoneração encaminhado à diretoria do órgão, os servidores justificam a saída pela “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima” e mencionam episódios de assédio moral.
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