Os institutos General Villas Bôas, Sagres e Federalista apresentaram ao público, em 19 de maio, o “Projeto de Nação – O Brasil em 2035”. Com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), os organizadores exibiram suas projeções para o período.
O projeto foi coordenado pelo general Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-presidente da ONG Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra –ex-chefe do DOI-CODI, departamento de repressão política durante a ditadura militar no Brasil.
O documento de 93 páginas aborda 37 temas divididos em 7 blocos: geopolítica mundial; governança nacional; desenvolvimento nacional; ciência, tecnologia e educação; saúde; segurança e defesa nacional; e segurança pública. Eis a íntegra (5 MB).
Uma carta datada de 2035 abre as projeções. Em linhas gerais, o texto afirma que a conjuntura mundial em 2035 será “complexa e com relevantes peculiaridades”.
Como um obstáculo, o documento cita o “globalismo”, descrito como um “movimento internacionalista cujo objetivo é determinar, dirigir e controlar as relações entre as nações e entre os próprios cidadãos, por meio de posições, atitudes, intervenções e imposições de caráter autoritário, porém disfarçados como socialmente corretos e necessários”.
Na mesma linha do que defende o governo Bolsonaro, o projeto discorre sobre uma “visível” união de esforços entre “determinadas entidades nacionais e o movimento globalista” para interferir em decisões locais, especialmente em falsas pautas de direitos de minorias e de defesa do meio ambiente, entre outras.
Como uma face do globalismo, o texto cita “o ativismo judicial político-partidário”, em que “parcela do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública atuam sob um prisma exclusivamente ideológico”.
Na projeção dos militares, manifestações conservadoras e liberais pressionarão os governantes por mudanças, “em um processo que culminou com o despontar de novas lideranças”, que “ocuparam importantes espaços onde antes prevaleciam as antigas lideranças patrimonialistas e fisiológicas, em grande medida envolvidas em corrupção”.
O documento ainda prevê que cidadãos com renda familiar maior do que 3 salários mínimos paguem pelas aulas nas universidades públicas e pelo atendimento no SUS (Sistema Único de Saúde) a partir de 2025.
Os militares atribuíam essas transformações ao aperfeiçoamento do modelo de educação. “Currículos foram ‘desideologizados’”, o que teria feito com que grande parte da população brasileira se reconhecesse “conservadora e liberal” e resolvesse “participar mais proativamente da política e das decisões nacionais”.