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Empréstimo entre mais pobres é para comprar comida, diz estudo

Relatório indica que endividamento das classes C, D e E está ligado a alimentação e pagamento de contas como luz e água

Empréstimo entre mais pobres é para comprar comida, diz estudo
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Entre os principais motivos para a população das classes C, D e E pegarem empréstimo estão a quitação de dívidas básicas do dia a dia e a compra de alimentos, é o que mostra o estudo “Inclusão Financeira no Brasil”, elaborado pelo instituto de pesquisas Plano CDE. Enquanto isso, as classes A e B tomam empréstimos para empreender.

Segundo o relatório, de 45% e 50% dos respondentes das classes mais baixas afirmaram que a alimentação e as contas do mês, como água e luz, foram ou seriam a principal razão pelo motivo ao qual tomaram ou tomariam um empréstimo. Já entre as classes A e B, o percentual cai para 30%. Englobando todas as classes, diz o estudo, 42% disseram ter alguma dívida atrasada.

O Plano CDE mostra, ainda, que aproximadamente 50% das famílias brasileiras tomaram algum tipo de empréstimos em 2021, tendo familiares e amigos como principal fonte para a busca de verba, seguidas por bancos digitais e tradicionais.

“Salta aos olhos essa questão da necessidade dos empréstimos para comprar comida, indicando a situação grave que uma série de famílias enfrenta atualmente”, afirma o diretor do Plano CDE, Maurício Prado.

De acordo com ele, nesse contexto é necessária mais atenção com a concessão do empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, uma vez que em muitos casos estão se endividando com juros altos para mantimentos. “O consignado do Auxílio Brasil só vai fazer com que as famílias se enrolem ainda mais”, disse.

Para definir as classes D e E foram consideradas renda familiar de até R$ 2.000. Na C2 vai de R$ 2.000 a R$ 3.000, e C1 de R$ 3.000 até R$ 6.000. As classes AB são aquelas em que a renda do lar está acima de R$ 6.000 por mês.

A pesquisa também indica que 50% dos participantes enquadrados nas classes D e E já tiveram que optar por reduzir a compra de alimentos para pagar alguma dívida em aberto. Entre as fontes de empréstimo estão amigos e/ou parentes, bancos digitais e tradicionais, financeira, cooperativa de crédito e agiotas.

Bancos digitais foram procurados por 28% da população C2, 26% de AB e DE, e por 24% da C1, enquanto instituições tradicionais foram mais requisitadas pelas classes AB (33%) e C1 (27%), seguidos por C2 (22%) e DE (22%). Segundo o documento, os entrevistados de menor renda afirmam melhores experiências ao usar bancos digitais a grandes instituições financeira.

Apesar de apresentar taxas de juros abusivas e práticas violentas pelo não pagamento, diz o relatório, os agiotas conseguem comunicar de forma mais clara as regras do que os bancos. Razão esta que justifica a procura dessa alternativa por classes em vulnerabilidade: DE (11%), C2 (9%), C1 (6%) e AB (6%).

Questionados para qual finalidade precisaram ou precisariam de um empréstimo, 50% dos correspondentes das classes D e E responderam para “gastos essenciais”, como comida e contas. Enquanto 46% da classe C2, 45% da C1 e 30% das classes A e B alegaram para a mesma razão. As classes C1 e C2 aparecem em 1º lugar quando se trata de pagamentos de dívidas (43% e 42%, respectivamente), seguidos por AB (39%) e DE (35%).

Já para montar ou investir em um negócio próprio, as classes A e B lideram com 46%. Em seguida aparecem D e E (31%), C2 (30%) e C1 (28%). Para 34% da AB, o financiamento de carros, casas ou reformas justifica a tomada de empréstimos, enquanto 26% da C1, 25% da DE e 20% da C2 apontaram a mesma razão.

Além disso, alternativas como aumento na carga de trabalho através de horas extras, bicos, e trabalhos temporários, e a venda de bens como carros, móveis ou eletrodomésticos, também foram adotadas. Aqueles que recorreram a expandir o expediente correspondem a 56% do DE, 47% do C1, 45% do C2, e 39% do AB.

Enquanto 50% da população DE recorreu a redução da compra de comidas, somente 30% da AB adotou a medida. Alternativas mais radicais como parar de estudar foram mais observadas nas classes DE (18%) e C2 (14%), e em menor escala na parcela AB (12%) e C1 (11%).

O estudo do Plano CDE tem abrangência nacional. Entrevistou 2.370 pessoas maiores de 18 anos de todas as classes sociais, dos dias 26 de julho a 9 de agosto de 2022.

FONTE/CRÉDITOS: poder360

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