No Festival de Ciências Britânico de Exeter, cientistas revelaram um dispositivo que consegue detectar Alzheimer com apenas uma gota de sangue, coletada como num teste de insulina para diabetes — tudo isso em um aparelho pequeno, que também é capaz de detectar a presença de outros patógenos, como o da covid-19, e biomarcadores de saúde, como proteínas associadas à diabetes.
A tecnologia é capaz de detectar a doença cerebral dentro de 10 minutos ou menos, e foi desenvolvida pela empresa Attomaker, que deriva de projetos da Universidade de Exeter — os pesquisadores responsáveis pelo feito vem da instituição de ensino. A ideia é que, no futuro, o dispositivo também consiga detectar outros biomarcadores de saúde de uma vez, como os de fertilidade feminina, alergias alimentares e resistência antimicrobiana.
Como detectar o Alzheimer com uma gota de sangue
Na feira, na verdade, a demonstração dos cientistas teve de ser feita em um instrumento laboratorial de mesa, levando de sete a dez minutos, mas a Attomaker planeja lançar um aparelho de mão com cartucho de diagnósticos conectado a um celular no ano que vem.
A detecção do Alzheimer é feita através da proteína tau, presente em grandes quantidades no cérebro dos pacientes com a doença. Medir os níveis da substância ajuda a prever quando os sintomas começam e como a patogenia progride, mas atualmente os testes diretamente no cérebro são caros, e outros métodos, como punções lombares, são incômodos e invasivos.
Todo o procedimento pode ser feito com 10 microlitros (0,01 ml) de sangue, muito menos do que o retirado em exames de rotina — 30 ml, ou seja, três mil vezes mais — e pode escanear até 20 biomarcadores diferentes. O líquido passa por nanopartículas de ouro, impressas em diversos pontos com sensores, tratadas para se ligar a proteínas específicas.
Quando o sangue interage com a matriz, na qual os pontos são iluminados a partir da parte de baixo, a luz é dispersa pelas nanopartículas douradas: o padrão gerado difere de acordo com os biomarcadores sanguíneos, mostrando as condições que o paciente tem.
Além da rapidez do teste, o preço também deverá ser atrativo — estima-se que o aparelho caseiro deverá custar £300, cerca de R$ 1.800, e os testes individuais, de £10 a £20, ou de R$ 60 a R$ 120. A tecnologia ainda poderá ser aplicada em outros aparelhos, como um mais focado em Alzheimer, detectando cinco variantes da proteína tau e duas da beta amiloide, que deverá ser lançado no ano que vem.
A companhia ainda planeja fazer outros dispositivos para detecção de condições de saúde, como um “chip de infecção” que pode dizer se uma infecção com sintomas não específicos é causada por bactérias, que podem ser tratadas com antibióticos, ou por vírus, que não respondem a esses medicamentos.
Há planos de lançamento de um teste para alergias infantis para 2024 e outro para identificar menopausa, fertilidade e envelhecimento saudável em 2025. A tecnologia mostrou os primeiros resultados ainda este ano, conseguindo diagnosticar a covid longa a partir da presença de seis anticorpos que persistem no corpo de pacientes infectados com o vírus SARS-CoV-2.
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