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Gestão Bolsonaro na educação é a pior da história, diz Priscila Cruz

Presidente do Todos pela Educação diz que governo foi pautado por pautas ideológicas no ministério e sucessão de “ministros ruins”

Gestão Bolsonaro na educação é a pior da história, diz Priscila Cruz
Poder 360
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A presidente-executiva e co-fundadora da organização não governamental Todos pela Educação, Priscila Cruz, avalia que a gestão da educação no governo Bolsonaro é a “pior da história”. Para a educadora, o 1º mandato do governo na área educacional foi marcado por pautas ideológicas e sucessão de “ministros ruins” no comando da pasta. 

“Essa foi a pior gestão da história do país […] Tivemos uma sequência de ministros que um foi sendo pior que o anterior. Então tivemos ministros muito ruins. Equipes lá dentro do Ministério da Educação absolutamente pautados pela guerra ideológica e pela guerra cultural”. 

Desde o começo do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), 4 ministros passaram pelo Ministério da Educação. Ricardo Vélez foi o 1º a ocupar o cargo até 8 de abril de 2019. Depois foi substituído por Abraham Weintraub, que deixou o cargo oficialmente em 20 de junho de 2020. Carlos Alberto Decotelli assumiu e ficou 5 dias no cargo. Em seguida, Milton Ribeiro assumiu e ficou no cargo até 28 de março de 2022. Atualmente, o 5º ministro da pasta é Victor Godoy. 

Priscila Cruz afirma que o órgão tornou-se o ministério “da reeleição”, onde as ações do ministério são pensadas para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ela cita que o governo deveria ter trabalhado para assegurar, junto a Estados e municípios, um conjunto de políticas educacionais como na expansão do tempo integral, a conectividade e formação de professores, por exemplo. Isso não aconteceu.

Segundo a educadora, o impacto da pandemia da educação foi ainda maior justamente pela falta de ações do órgão. “Pandemia mais governo federal fez com que tivéssemos esse impacto brutal na educação brasileira”, afirma.

Há no Brasil uma percepção errada de que a educação sempre foi ruim, segundo a presidente do Todos pela Educação. Ela explica que esse discurso é usado para que as pessoas aceitem “desmontes” e “políticas completamente equivocadas”. 

“Saímos de 28% de aprendizagem adequado a língua portuguesa em 2007 para 60% em 2017. Em 10 anos. Subimos 30 pontos percentuais. Mais do que dobrou a proporção de crianças que aprendem o mínimo adequado em língua portuguesa”, afirmou Priscila. Em entrevista ao Poder360, a educadora disse que nenhum país conseguiu fazer esse avanço em 10 anos. E que o resultado de 2017 foi consequência de políticas acertadas. 

O dado de 60% mostra que é necessário avançar bastante para chegar em 100% de aprendizagem. Porém, na avaliação de Priscila Cruz, o país saiu de um patamar muito baixo e estava fazendo um trabalho consciente. “Se tivéssemos mantido essa velocidade de melhoria, estaríamos em outro patamar mesmo com a pandemia”, afirmou.

IMPACTO DA PANDEMIA NA EDUCAÇÃO

Ao falar sobre o quanto a covid afetou a educação no Brasil, a educadora explica haver algumas hipóteses e constatações sobre o impacto, mas faltam dados para saber a realidade. “O governo federal, que é quem faz tanto a avaliação da aprendizagem, quanto do censo escolar para sabermos evasão e outros indicadores, ainda não soltou esses dados. Passamos por 2 anos de pandemia e ainda não temos os dados de como está a educação brasileira”, disse. 

EDUCAÇÃO E ELEIÇÕES

Com a chegada das eleições, o tema educação volta para a pauta. Para Priscila Cruz, o mais importante para os candidatos a presidente neste ano será falar sobre o perfil do ministro de Educação que eles teriam caso eleitos. Isso porque através do perfil é possível, na avaliação dela, identificar qual será a linha de trabalho do órgão.  A presidente do Todos pela Educação disse que não basta esperar propostas vagas, é preciso saber qual a defesa do candidato para a área. Ela também defende que os candidatos se posicionem em relação a temas específicos, como a expansão do tempo integral em escolas, por exemplo. 

PEDAGOGIA À DISTÂNCIA 

Priscila Cruz defende o fim do ensino à distância para estudantes do curso de pedagogia.  “Como tolerar e como lidar com um professor formado à distância e que depois atuará na sala de aula, com crianças reais, que precisam do olhar dele, que precisam da atenção, do acolhimento desse professor, sendo que ele aprendeu e passou pela universidade 100% à distância?”.

HOMESCHOOLING E COLÉGIOS MILITARES

Desde a eleição de Bolsonaro, os 2 temas ganharam espaço no debate público. O presidente já defendeu a possibilidade do ensino em casa e também da ampliação dos colégios militares. A educadora é contra as duas propostas defendidas pelo governo.

Segundo Cruz, o custo por aluno em uma escola militar é 3 vezes maior do que em um colégio convencional.  “Não adianta ter algumas escolas com 3 vezes o investimento por aluno e isso acabar prejudicando outros alunos. Porque o cobertor é o mesmo […]. São alunos selecionados em geral. São alunos da classe média, da elite brasileira, são filhos de militares”, disse.

A educadora explica que existem escolas no Estado de Pernambuco que são em tempo integral e tem resultados equivalentes e, em alguns casos, superiores ao das escolas militares e não possuem um custo elevado.  Sobre o ensino à distância, a presidente do Todos pela Educação disse que isso prejudica o desenvolvimento da criança.  “Uma criança que deixa de ter contato com outras crianças, com outros adultos, tem impactos nas competências socioemocionais, no desenvolvimento físico e na forma como ela se enxerga como um membro de uma comunidade maior que não apenas a sua família”, afirmou. 

 

 

FONTE/CRÉDITOS: Poder360
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