Enio Verri, presidente da metade brasileira da Itaipu Binacional, afirmou nesta terça-feira (31) que a estatal deve comprar terras para povos indígenas afetados pela construção da usina, iniciada em 1975. As terras seriam parte de uma reparação que o Estado brasileiro estuda fazer pelos danos causados pela obra ao povo Avá Guarani da região.
Verri falou sobre essa reparação em entrevista coletiva concedida nesta tarde para veículos da mídia alternativa, organizada pelo Centro de Estudos Barão de Itararé. Ele disse que o governo federal deve formalizar nos próximos dias a criação de um grupo de trabalho dedicado ao assunto.
Verri explicou que esse grupo é quem definirá como os indígenas devem ser compensados. Ele, contudo, adiantou que a solução deve envolver compra de terras.
"Eu não tenho dúvidas de que em algum momento Itaipu será convidada a contribuir para a compra de terras. E acho que isso vai acabar acontecendo", afirmou Verri. "Mas isso, desde já, passa por uma decisão do presidente Lula (PT). Por mais que eu tenha autonomia, isso tem um limite. Essa questão terá de passar pelo governo."
Segundo Verri, a solução ideal para os indígenas passa pela contribuição de Itaipu. Ele ressaltou que a estatal já reconheceu os danos causados a eles. "Comunidades indígenas foram expulsas daqui", afirmou.
Violação histórica
Ao final do período de construção da hidrelétrica de Itaipu, concluído em 1982, a usina inundou uma área de 135 mil hectares. Entre indígenas e não indígenas, mais de 40 mil pessoas foram removidas.
Estudos indicam que apenas no lado brasileiro, em uma extensão que vai de Foz do Iguaçu à Mundo Novo (MT), cerca de 770 km2 de terra foram alagadas.
Somadas, as três reservas legais demarcadas ao povo Avá Guarani possuem 2.236 hectares. Outras 24 aldeias não demarcadas integram a luta dos Avá Guaranis desterrados pela usina, sendo cinco no município de Santa Helena, duas em Itaipulândia e as demais nas cidades de Guaíra e Terra Roxa.
Apoio fortalecido
Verri disse que os avá guaranis já recebem apoio de Itaipu. Ele afirmou que isso foi fortalecido desde a posse do presidente Lula. Segundo ele, no antigo governo, três aldeias recebiam ajuda da usina. Hoje, são 25.
"Quando chegamos aqui, há sete meses, os indígenas estavam passando fome. Compramos 2,5 toneladas de peixe para eles terem o que comer."
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