A intensidade do fenômeno El Niño deve aumentar a partir do início da primavera, no próximo sábado (23), segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A força do evento deve ir de moderada a forte, causando ainda mais impactos na região Sul, com aumento de chuvas e tempestades. Nas regiões Norte e Nordeste, a tendência é de seca mais severa e aumento dos focos de incêndio.
O fenômeno ocorre a cada 5 ou 7 anos e caracteriza-se pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico equatorial. Com isso, há uma série de alterações, que vão desde a circulação de ventos até a distribuição de umidade, elevando o risco de catástrofes ambientais.
A chuva que já está acima da média no Rio Grande do Sul, por exemplo, vai ser ainda mais acima da média. Por outro lado, a seca no Norte Nordeste vai ser ainda mais intensa. Esses extremos vão continua acontecendo nos próximos meses. Giovanni Dolif, meteorologista do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais)
El Niño Leste aumenta intensidade de chuva e seca
Ao longo do ano, o El Ninõ pode se apresentar de duas formas, mas, agora, ele se configurou de maneira mais "potente": o El Niño Leste, que fica mais concentrado na região leste do continente do que na área central do Pacífico. O resultado pode ser uma situação com impactos de maior magnitude nos países da América Latina.
Quando isso acontece, as anomalias de chuva no Sul são maiores e as anomalias de seca no Norte e Nordeste também. De um lado do Brasil é mais seco e, do outro, mais chuvoso. É isso que podemos esperar para a primavera. - Giovanni Dolif, meteorologista.
O especialista esclarece ainda que o fenômeno não é uma novidade. Na verdade, ele já começou, entre março e abril, com a configuração de um El Niño Leste.
Normalmente a gente só fala El Niño para o público em geral. Mas existem os dois tipos, o central e o leste. Este é um caso de El Niño Leste. - Giovanni Dolif, meteorologista
No entanto, o Inmet, por exemplo, não faz essa diferenciação tão detalhada.
Quando a gente está falando do El Niño, já estamos considerando toda essa faixa centro-leste. O aquecimento deve prosseguir pelo menos até o início do verão, que deve ser o auge dele, entre novembro e dezembro. Os impactos devem ir, pelo menos, até o próximo verão. Marcelo Schneider, meteorologista do Inmet
El Niño Leste não é o único "culpado". Além do Oceano Pacífico ficar com as temperaturas mais amplamente aquecidas, o Atlântico também passa pelo mesmo —as águas ainda mais quentes, segundo especialistas. Com isso, há um risco maior de tempestades, principalmente no Sul, e períodos de seca.
O que deve acontecer com cada região do Brasil?
Nas regiões Norte e Nordeste, a tendência é de seca mais severa e aumento dos focos de incêndio.
Já nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, ocorre o aumento das temperaturas médias e irregularidade nas chuvas. Há uma tendência maior para variabilidades das condições climáticas: ora dias mais secos e quentes, ora com dias de chuva forte e clima ameno.
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