Um relatório do Instituto Proteste divulgado nesta quarta-feira 1º aponta uma mudança no comportamento dos consumidores brasileiros, que transformaram os hábitos de consumo em meio a uma galopante inflação.
O IPCA fechou abril em 1,06%, após uma alta de 1,62% em março. Trata-se da maior variação para um mês de abril em 26 anos (em 1996, chegou a 1,26%). Em 2022, o IPCA acumula elevação de 4,29%. Em 12 meses, o acumulado é de 12,12%, o maior nível para o período de um ano desde outubro de 2003, quando alcançou 13,98%.
Entre os gastos mais impactados, segundo o estudo do Proteste, estão aqueles relacionados a energia elétrica, combustíveis e alimentos.
Mais de 90% dos entrevistados afirmam ter mudado gastos ligados a moradia, energia e água. A mesma porcentagem também declarou ter reduzido gastos com nutrição.
70% disseram ter passado a desligar os eletrodomésticos ou evitar o uso quando não fosse necessário. 49% deixaram de consumir carne, peixe ou frango, optando por outros gêneros alimentícios. Para 45%, o uso de carros foi reduzido, devido à alta nos preços dos combustíveis.
Atividades culturais e de cuidado pessoal, como sessões de terapia e tratamentos médicos não essenciais, entram no corte.
O estudo ainda mostra que mesmo entre os consumidores financeiramente confortáveis houve mudanças de comportamento.
Com a inflação fora de controle, os brasileiros pouco conseguem poupar dinheiro. Mais de 58% responderam não ter qualquer margem para lidar com futuros aumentos de preços.
A maioria dos entrevistados afirma que a situação financeira está igual (45%) ou pior (39%) que no ano anterior. Os moradores do Sul do País lideram o sentimento de que o cenário desandou. Na região, 43,4% classificam a situação financeira como pior que em 2021.
86% dos entrevistados acreditam haver produtos que estão mais caros, sem haver uma ligação direta com a crise causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
O levantamento mostrou, por fim, que os brasileiros estão desesperançosos quanto ao futuro. Dos entrevistados, 86% apostam que os preços dos combustíveis continuarão a subir. 73% também admitem ter receio de gastar dinheiro, pelos tempos difíceis que virão nos próximos meses.