O Paraná é o principal destaque nacional na agricultura orgânica. É o que revelam os dados do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, que colocam o estado como sendo a unidade da federação com maior número de produtores rurais orgânicos no Brasil. Mantido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Cadastro tem o objetivo de listar os produtores orgânicos de todo o país. O Paraná, assim como os outros estados da região Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul), destaca-se principalmente na produção de hortaliças e frutas, erva-mate e cereais.
Até 2014, conforme o Cadastro do Mapa, o Brasil possuía 10.554 produtores de orgânicos, dos quais 1.268 (12,1% do total) eram do Paraná, até então o segundo estado com maior número de produtores no país - atrás do Rio Grande do Sul (com 1.278) e logo a frente de São Paulo (com 1.219).
Oito anos depois, o número de produtores no país chegou a 26.952 (dados atualizados até o último dia 15 de junho), com 4.213 paranaenses cadastrados junto ao Mapa, o equivalente a 15,6% do total de produtores de orgânicos no território brasileiro. Somente na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) há 1.522 unidades produtoras cadastradas.
Dessa forma, há um cenário no qual o número de produtores rurais orgânicos no Brasil cresceu 155% entre 2014 e 2022, enquanto no Paraná essa alta foi de 230%. Assim, sendo, o Paraná assumiu o posto de estado com maior número de produtores cadastrados, logo a frente de Rio Grande do Sul (4.058), São Paulo (2.097), Pará (2.077), Santa Catarina (1.598) e Bahia (1.329).
Crescimento acelerado no ‘novo normal’
Os dados do Mapa mostram ainda que o número de unidades de produção orgânica no Paraná tem crescido de forma acelerada nos últimos meses, após a pandemia do novo coronavírus ter causado a redução dos números em 2020. Em maio de 2018, por exemplo, havia no Estado 2.268 unidades certificadas. Em novembro de 2019, o número tinha subido para 3.490. Com a pandemia, verificou-se uma desaceleração a partir de março de 2020 e, em novembro desse ano, eram 3.447, que evoluíram para 3.752 em dezembro de 2021 e chegaram a 3.860 em fevereiro deste ano.
A redução nos números de 2020 ocorreram, conforme o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), porque no Paraná o principal sistema de certificação é o Participativo de Garantia, que exige reuniões de grupos nas propriedades. Com a recomendação de se evitar aglomerações, elas foram reduzidas. Agora, porém, o estado já supera o patamar do início de 2020, ficando novamente a frente do Rio Grande do Sul no número de unidades produtoras (até fevereiro o estado gaúcho tinha 3.966 unidades produtoras, ante 3.860 do Paraná).
Foco na saúde na pandemia faz consumo subir
Se por um lado a pandemia chegou a frear o ritmo de credenciamento de propriedades com produção orgânica, por outro acentuou a importância desses produtos na alimentação diária. Prova disso é que em 2021 o número de consumidores orgânicos no País cresceu 63%, segundo a Organis, organização especializada no setor.
“As pessoas ficaram mais em casa e passaram a privilegiar alimentos mais saudáveis, com origem conhecida”, analisou o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, em entrevista recente à Agência Estadual de Notícias (AEN). “Ao mesmo tempo, o Estado encaminhou políticas públicas para aumentar a produção de orgânicos e passou a compensar com pagamento maior ou pontuação diferenciada a quem oferecesse esses produtos para programas sociais”.
O que acontece é que com o aumento da demanda por esses alimentos também cresce o desafio da comercialização, uma vez que as feiras e as vendas por encomenda nem sempre são suficientes para escoar a produção. No Paraná, então, as compras públicas executadas pelo governo estadual são fundamentais para ajudar a fechar essa conta,com programas como o Compra Direta Paraná, por meio do qual associações e cooperativas cadastradas por edital entregam a produção a entidades socioassistenciais, como asilos, hospitais, creches, restaurantes populares, cozinhas comunitárias, Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
Produtos orgânicos
Pela legislação brasileira, considera-se produto orgânico, seja ele in natura ou processado, aquele obtido dentro de um sistema orgânico de produção agropecuária – ou extrativista sustentável – que beneficie o ecossistema local, proteja os recursos naturais, respeite as características socioeconômicas e culturais da comunidade local, preserve os direitos dos trabalhadores envolvidos e não utilize organismos geneticamente modificados nem químicos sintéticos.
Para serem comercializados, esses produtos devem ser certificados por organismos credenciados no Ministério da Agricultura, sendo dispensados da certificação somente aqueles produzidos por agricultores familiares que fazem parte de organizações de controle social cadastradas no MAPA, que comercializam exclusivamente em venda direta aos consumidores.
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