O Paraná registrou mais de 28 mil casos de violência doméstica nos primeiros seis meses de 2022, conforme dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). No mesmo período, números do Tribunal de Justiça (TJ-PR) mostram que mais de 20 mil medidas protetivas de urgência foram solicitadas no estado.
Uma das vítimas do crime que preferiu não se identificar contou à reportagem que chegou a retirar uma queixa após ser agredida pelo ex-marido, mas percebeu a importância da denúncia quando a violência não chegou ao fim.
“Eu queria deixar uma mensagem para todas as mulheres que vem passando por isso porque não é uma situação fácil. A gente tem medo, a gente fica insegura. Eu sei que muitas pessoas vão falar para você deixar para lá. E não é melhor deixar para lá porque você merece atenção e a justiça vai te dar atenção, porque ela está do seu lado”.
Há cerca de nove meses ela se separou e passou a ter guarda compartilhada do filho com o ex. No começo do ano, quando entrou em uma nova relação, o homem foi até à casa em um fim de semana de visita e a empurrou.
Depois, ela voltou a ser vítima de agressões em uma lanchonete.
“A agressão aconteceu assim: ele veio com mais duas meninas, estava com mais um pessoal da família dele. Uma das meninas me segurou por trás, a outra menina ficou puxando meu cabelo. Enquanto isso ele dava murro nas minhas costas, na minha cabeça, chute ele me deu”, contou.
A jovem buscou diretamente o batalhão da cidade onde mora e solicitou medida protetiva.
“Tão importante quanto a denúncia, o boletim de ocorrência, fazer a representação. É muito importante que a mulher nos procure para que a gente possa fazer um tratamento com ela. Acompanhamento psicológico, psicoterapia, para que essa mulher não volte ao ciclo de violência”, ressaltou a secretária de Políticas Públicas para Mulheres de Cianorte.
Ciclo da violência
De acordo com a promotora Mariana Bazzo, do MP-PR, a base da violência de gênero está no machismo.
O Instituto Maria da Penha elenca três fases desse ciclo, que foram identificados pela psicóloga norte-americana Lenore Walker. Confira a seguir:
Aumento da tensão: O primeiro passo do ciclo de violência começa quando o agressor se irrita com coisas pequenas, podendo ter acessos de raiva e humilhar a vítima;
Ato de violência: Depois, vem a violência contra a vítima, que pode ser física, moral, psicológica ou financeira;
Arrependimento: Na fase, que também é conhecida como lua de mel, o agressor se arrepende e passa a tratar a vítima com carinho. Nesta fase, a vítima costuma ficar confusa, pensando que o agressor pode mudar. Após isso, o ciclo se reinicia, com o aumento da tensão.
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