Apesar do esforço da campanha à reeleição do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), para melhorar sua imagem diante do eleitorado feminino, a estratégia até aqui não surtiu efeito.
Na pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (14), a diferença entre ele e seu principal adversário, nesse segmento, é de 16 pontos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 45% das intenções de voto das mulheres, enquanto Bolsonaro soma 29%.
“Ele acumulou essa rejeição ao longo da pandemia. As mulheres são as mais sensíveis ao fato de o presidente, por exemplo, ter demorado a tomar uma posição pró-vacina, ter demorado a ter uma posição positiva em relação ao isolamento e aos cuidados com a família”, explica o CEO da Quaest, Felipe Nunes.
“São as mulheres que sentem também os efeitos econômicos, principalmente as de baixa renda”, continua Nunes.
Os ataques de Bolsonaro e apoiadores a mulheres, jornalistas em especial, reforçam a imagem de agressividade do presidente. No debate na TV Bandeirantes, Bolsonaro já havia atacado a jornalista Vera Magalhães.
Após o debate da TV Cultura entre os candidatos ao governo de São Paulo nesta quarta-feira, o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP), que é apoiador do presidente, também atacou Vera, reproduzindo palavras como: “A senhora é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”.
A repercussão foi tão negativa que até mesmo aliados do presidente, dessa vez, saíram em defesa da jornalista. Seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), condenou o episódio. Nas redes sociais, escreveu que a situação é lamentável e que não há justificativa para achacar uma jornalista e constrangê-la gratuitamente no seu local de trabalho. O presidente Bolsonaro, por sua vez, ainda não tocou no assunto.
Outros presidenciáveis como Lula, Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) também se manifestaram nas redes sociais repudiando o ataque. Partidos e parlamentares acionaram o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), pedindo a cassação do deputado por quebra de decoro.
A presidente do conselho, deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), afirmou que o episódio é grave e que a conduta do parlamentar será investigada.
Rejeição
Por outro lado, a campanha de Bolsonaro vem obtendo sucesso em aumentar a rejeição de Lula.
A pesquisa Quaest mostrou que, pela primeira vez, Lula viu sua rejeição aumentar acima da margem de erro. Se a diferença entre os que rejeitavam Lula e Bolsonaro era de 23 pontos percentuais no começo ano, agora é somente de 5.
“A gente já esperava que a rejeição de Lula fosse subir com a campanha, já que o tom agressivo tanto de Bolsonaro quanto de Ciro voltado para ele se intensificam. Me parece que agora a gente vai inaugurar um novo momento, a campanha de Lula também vai começar com ataques mais fortes porque o que está em jogo é quem tem a menor rejeição”, finaliza Felipe Nunes.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.