Uma pesquisa feita entre professores da rede pública estadual do Paraná mostrou que 91,3% sentem que as novas plataformas digitais e as metas exigidas pelo governo Ratinho Jr (PSD) causaram uma sobrecarga de trabalho. Dos professores e professoras entrevistados, 74,3% dizem ter sentido o impacto dessa sobrecarga em sua saúde mental e 78,3% dizem conhecer pelo menos um colega que adoeceu em função da pressão no trabalho.
Os dados são de uma pesquisa inédita realizada pelo instituto IPO a pedido da APP, sindicato que representa os professores e funcionários da rede estadual de ensino. Foram realizadas 300 entrevistas por telefone entre 28 de junho e 7 de julho nas diversas regionais do estado e a margem de erro, de acordo com a metodologia aplicada, é de 5,9 pontos porcentuais para mais ou para menos.
O uso das plataformas digitais é uma tendência no governo Ratinho desde a passagem de Renato Feder, pela secretaria. Hoje, o ex-secretário está aplicando o mesmo processo de digitalização, ainda mais radicalizado, em São Paulo, onde assumiu a Secretaria de Educação a convite de Tarcísio de Freitas (PL). Nesta semana, o governo paulista chocou professores e o mercado editorial ao anunciar que sairia do Plano Nacional do Livro Didático e passaria a usar apenas livros digitais.
No Paraná, os aplicativos obrigatórios hoje incluem o Quizzizz Paraná, o Redação Paraná e o Matemática Paraná. Pelo menos 93% dos profissionais entrevistados disseram já ter tido contato com pelo menos uma delas. E as metas cobradas pelo governo incluem o uso dessas ferramentas: nas destituições de vários diretores eleitos recentemente pela Secretaria de Educação, um dos problemas era o número de alunos postando no Redação Paraná, considerado insuficiente pelo governo.
Dos professores entrevistados na pesquisa, 73% dizem se sentir pressionados a usar as ferramentas digitais e 35,7% chegam a dizer que está havendo assédio moral e abuso de autoridade por parte das chefias (nesse caso específico, 48,7% discordaram da afirmação). Em outra pergunta, 69,7% disseram que a imposição de metas causou prejuízo para as condições de trabalho.
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