Os paranaenses sobrevivem com cada vez menos dinheiro no bolso, ao mesmo tempo em que o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza avança no Paraná e atinge nível recorde dos últimos 10 anos, num movimento que reflete uma situação que assola todo o Brasil. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada na última sexta-feira (2) pelo IBGE.
Conforme o estudo, considerando-se as linhas de pobreza propostas pelo Banco Mundial, cerca de 2 milhões de pessoas (ou 17,3% da população do Paraná) estavam na pobreza em 2021, sendo que 429 mil (ou 3,7% da população) estavam na extrema pobreza. É o maior número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza no Paraná desde o início da série, em 2012.
O Banco Mundial adota como linha de pobreza os rendimentos per capita US$ 5,50 PPC, equivalentes a R$ 486 mensais per capita. Já a linha de extrema pobreza é de US$ 1,90 PPC, ou R$ 168 mensais per capita.
Na comparação com os dados de 2020, verifica-se que houve aumento de 16,7% no grupo de paranaenses vivendo abaixo da linha de pobreza, o que significa 286 mil pessoas a mais nessa condição em relação ao ano anterior. Por outro lado, o contingente na extrema pobreza teve queda de 1,5% (menos 6,5 mil pessoas).
Já o rendimento médio domiciliar per capita dos paranaenses caiu pela terceira vez consecutiva em 2021. Em 2018 o valor era de R$ 1.755. No ano passado já estava em R$ 1.529, o que aponta para uma queda de 12,9% em três anos. Trata-se, ainda, do menor rendimento médio no estado na série histórica, iniciada em 2012, sendo que pela primeira vez o valor fica abaixo de R$ 1,6 mil.
Com relação a 2020, o recuo nesse rendimento foi de 5,5%, sendo maior para mulheres (5,7%) do que para homens (5,3%). Enquanto elas possuem rendimento médio de R$ 1.484 no Paraná, eles têm R$ 1.575.
Índice de desigualdade volta a crescer no Estado
Por fim, em 2021 o Índice de Gini voltou a subir no Paraná, sendo que quanto maior o Gini, maior a desigualdade local. De 2017 para 2018 o índice passou de 0,481 para 0,492. Nos anos anos seguintes (2019 e 2020), caiu para 0,477 e 0,462, respectivamente. Já em 2021 voltou a subir e alcançou 0,475. O menor valor já registrado, em 2015, foi de 0,453.
Na região Sul, o Paraná apresenta o pior resultado, atrás de Santa Catarina (0,424) e Rio Grande do Sul (0,468). No Brasil, Rondônia (0,459), Mato Grosso (0,461) e Goiás (0,467) também apresentam índices menores que o paranaense, enquanto para o país esse valo é de 0,544.