Com sede em Miami, a Câmara de Comércio Paraguaio–Americana (Usapacc, na sigla em inglês) emitiu, no fim de semana, comunicado solicitando que o governo dos Estados Unidos avalie a possibilidade de intervir em busca de solução para a controvérsia em torno da decisão argentina de cobrar pedágio na hidrovia do Rio Paraná.
No final do ano passado, o governo argentino estabeleceu tarifa de US$ 1,47 (cerca de R$ 7,50) por tonelada transportada pelas embarcações que navegam no trecho entre a foz do Rio Paraguai e os portos da região de Rosário. O argumento é a necessidade de melhorias na sinalização e na dragagem dos trechos mais críticos.
A cobrança é rechaçada pelos governos de Paraguai, Brasil, Uruguai e Bolívia, que protocolaram questionamentos formais a Buenos Aires na comissão que rege a hidrovia e analisam levar o caso aos tribunais internacionais de arbitragem. O país mais afetado é o Paraguai, que movimenta mais de 80% de seu comércio exterior pela via fluvial.
Além disso, desde julho, a justiça argentina tem ordenado a apreensão de embarcações (principalmente paraguaias) cujos proprietários estejam inadimplentes com a tarifa, o que elevou a tensão entre os países.
No comunicado difundido em suas páginas oficiais, a Usapacc pede ao Departamento de Estado e ao Departamento de Comércio do governo dos Estados Unidos que verifiquem se a medida já está afetando “os produtos que os EUA vendem para o Paraguai e vice-versa” e observem se corresponde “tomar medidas para defender esses interesses”.
“O dano ao comércio na região do Mercosul é direto, mas existem outros indiretos, que afetam todos os países que têm negócios com o Paraguai, entre eles, os Estados Unidos da América”, diz o documento publicado pelo órgão empresarial.
Visita aos EUA
A emissão do comunicado ocorre, justamente, no momento em que o novo presidente do Paraguai, Santiago Peña (Partido Colorado), está nos Estados Unidos para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. O tema do pedágio deverá ser mencionado por Peña em seu discurso na assembleia.
Em entrevista ao canal CNN en Español, Peña afirmou que “esse não é um problema só do Paraguai, mas também do Brasil, do Uruguai e da Bolívia. Sabemos que a Argentina tem problemas, mas nós também temos de enfrentar nossas realidades, tanto no comércio pela hidrovia, como na venda de energia paraguaia à Argentina.”
Desde a semana passada, o Paraguai vem retirando 100% da energia elétrica correspondente ao país na usina binacional de Yacyretá, obrigando a Argentina a recorrer a outras fontes, com custo mais elevado. A decisão paraguaia é vista como uma represália ao governo argentino, devido às negativas em rever a cobrança do pedágio.
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