A população idosa do Paraná cresce a cada ano e o Governo do Estado, por meio da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), acompanha esta evolução investindo em uma política prioritária e na oferta de serviços direcionados com uma estratégia avançada de atenção à saúde da pessoa idosa. Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE, referente a 2022, existem mais de 1,7 milhão de pessoas acima de 60 anos residentes no Paraná, a sexta maior população nesta faixa etária do País.
Somente em 2022, foram realizados 6.496.037 atendimentos individuais a este público por profissionais de nível superior, como médicos e enfermeiros, na APS (Atenção Primária à Saúde), porta de entrada do SUS. De acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), 74,9% dos idosos paranaenses dependem do SUS.
Paciente do SUS, Maria dos Anjos Levandoski, de 93 anos, faz parte deste recorte. Há anos ela convive com diabetes e hipertensão arterial, ambas consideradas doenças crônicas – aquelas que se estendem ao longo do tempo e precisam de cuidados médicos constantes. Câncer e problemas cardiovasculares são outros exemplos, e estão na lista das principais causas de morte no Brasil e no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS. “Faço tratamento dessas doenças com as meninas na Unidade de Saúde Lucimara Santos, que são muito atenciosas comigo. Sou atendida para restabelecer minha saúde”, relata.
Ela é moradora de Fernandes Pinheiro, município do Centro-Sul do Paraná, de abrangência da 4ª Regional de Saúde de Irati, e é beneficiada pelo PlanificaSUS, uma das estratégias para o fortalecimento do SUS no Estado. O programa tem como objetivo a integração e organização da Atenção Ambulatorial Especializada (AAE) em rede com a APS, ou seja, um cuidado compartilhado da paciente com as duas equipes. Na 4ª RS, a Linha de Cuidado da Pessoa Idosa é prioritária e foi implantada em 2019.
Com a saúde comprometida, Maria se sente acolhida e bem atendida pelas equipes. “Melhorou bastante, não podia quase andar. Fui muito bem atendida, com muito carinho e dedicação”, destaca.
Além da Irati, outras quatro regionais têm a Saúde do Idoso como linha prioritária (9ª RS de Foz do Iguaçu, 8ª RS de Francisco Beltrão, 14ª RS de Paranavaí e a 15ª RS de Maringá). Todos os 399 municípios paranaenses já aderiram ao PlanificaSUS e, gradativamente, desenvolvem e expandem o programa em suas regiões.
Prevenção
De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, as ações de promoção e prevenção devem ser trabalhadas nos municípios com o apoio do Estado. “O tratamento inicia na APS, porta de entrada para esse cuidado e onde a maior parte dos problemas são resolvidos”, afirma. “Nosso modelo de atenção ao idoso tem como foco o monitoramento da saúde em vez da doença, contribuindo para o envelhecimento saudável e ativo, com independência e autonomia pelo maior tempo possível. E para as doenças permanentes damos todo o suporte necessário”.
Outro exemplo deste foco especializado é Irone Vidor, de Francisco Beltrão, no Sudoeste, município-sede da 8ª Regional de Saúde. Aos 77 anos ela é acompanhada desde maio deste ano na Linha de Cuidado do Idoso do Estado, que integra o MACC (Modelo de Atenção às Condições Crônicas). Portadora de doença pulmonar crônica, hipertensão e depressão, uma vez por mês Irone visita a Unidade de Saúde de referência.
“Me senti muito bem tendo uma equipe multiprofissional à disposição. Todos os profissionais da unidade fizeram uma sequência no meu atendimento. Desde que cheguei, melhorei muito e estou satisfeita. Tive indicação de fisioterapia, a nutricionista me atendeu, e depois o farmacêutico. Fui muito bem orientada”, ressaltou.
O atendimento especializado ambulatorial da pessoa idosa também é realizado nos Centros de Especialidades e unidades de diagnóstico e terapia e conta com o apoio dos Consórcios Intermunicipais de Saúde (CIS). Doze consórcios já mantêm médicos e equipes multiprofissionais especializadas e capacitadas para o atendimento deste público. Dos 399 municípios, 96,7% integram essa rede. O apoio do Estado ocorre por meio Programa de Qualificação dos CIS (QualiCIS), que recebe investimento em torno de R$ 60 milhões.
DADOS DO PARANÁ
De olho também no futuro, o Governo do Paraná analisa permanentemente as estatísticas para ofertar atendimento com qualidade e também em quantidade. Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida da população paranaense em 2010 era de 75,2 anos, sendo de 71,9 anos para homens e 78,6 anos para mulheres. Em 2021, subiu para 78,5, com média de 75,1 anos para os homens, enquanto as mulheres paranaenses vivem quase sete anos a mais, com média de 81,9 anos.
A diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, Maria Goretti Lopes, explica que esses dados mostram que o Estado tem que ir atrás das aspirações dessa faixa etária, independentemente da idade ou da presença de doenças. “É o que busca a governo estadual, ao propor a estratégia de cuidado para aqueles que envelhecem. O Governo do Estado se prepara de forma contínua para o processo de envelhecimento da população. A promoção, o cuidado e a reabilitação da saúde são essenciais nesta fase da vida”, ressalta.
Doenças mais frequentes
Um levantamento da equipe epidemiológica da Sesa apontou que as doenças do aparelho circulatório, infecciosas e parasitárias, além das neoplasias, são as causas mais frequentes de morte de pessoas acima dos 60 anos, no Paraná.
De acordo com os dados, houve algumas alterações nesse perfil nos últimos três anos. Em 2019, por exemplo, dos 52.568 óbitos registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), 32,16% foram em decorrência das doenças do aparelho circulatório e 20,29% das neoplasias (tumores). Juntas, elas atingiram mais da metade (52,45%) deste público.
De janeiro a julho deste ano, 7.780 pessoas de 60 a 69 anos foram a óbito, 9.489 de 70 a 79 anos e 12.853 acima dos 80 anos. As mortes em decorrência de doença do aparelho circulatório mantêm a predominância, com 29,77%.
A coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Sesa, Acácia Nasr, explica que, apesar de parecerem pequenas, estas variações são tecnicamente significativas. “Conhecer as causas de internações e de óbitos é essencial para que possamos definir as necessidades e, assim, oferecer o cuidado certo e oportuno. Mas vamos além, queremos conhecer o comportamento da pessoa antes mesmo de envelhecer para que ocorra uma mudança de cenário”, complementa.
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