As duas viagens de Jair Bolsonaro para a praia entre o final do ano passado e os primeiros dias de 2022 custaram pelo menos 1,8 milhão de reais aos cofres públicos. Ao todo, o presidente passeou por 13 dias, entre dezembro e janeiro, pelo litoral de São Paulo e de Santa Catarina. Os números são do Gabinete Pessoal do Presidente da República e foram obtidos por Crusoé por meio da Lei de Acesso à Informação.
Entre 17 e 23 de dezembro de 2021, Bolsonaro esteve no Guarujá, no litoral paulista, onde se hospedou no Forte dos Andradas, uma instalação militar administrada pelo Exército. Nesse período, as despesas somaram exatos 915.571,72 reais. O Palácio do Planalto não detalha os gastos alegando riscos à segurança do presidente. Ao solicitar a informação, Crusoé pediu as cifras relativas a gastos com segurança, alimentação, diárias de funcionários da comitiva e deslocamentos, incluindo as despesas com combustível de aeronaves. No Guarujá, Bolsonaro pescou, jantou em uma pizzaria, andou de jet-ski e, a bordo de uma lancha, dançou funk com apoiadores.
A outra viagem das férias presidenciais teve como destino São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Bolsonaro esteve no balneário entre 27 de dezembro de 2021 e 3 de janeiro deste ano, quando precisou ser levado às pressas para um hospital de São Paulo em razão de uma obstrução intestinal. O período no litoral catarinense custou precisamente 899.374,60 reais ao erário. Nessa viagem, Bolsonaro estava acompanhado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da filha do casal, Laura. Em São Francisco do Sul, assim como no Guarujá, o presidente também passeou de jet-ski, visitou o parque de diversões Beto Carrero World e promoveu uma loja da rede Havan, do empresário Luciano Hang, um de seus principais apoiadores.
Entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, Bolsonaro já havia feito o mesmo roteiro de férias. Somados, os gastos das viagens presidenciais nas duas últimas viradas de ano chegaram a 4,2 milhões de reais. Fundador da Associação Contas Abertas, que monitora os gastos públicos, o economista Gil Castello Branco afirma que, em razão do alto custo típico dos deslocamentos presidenciais, que exigem sempre a movimentação de uma grande estrutura, Bolsonaro deveria ser mais parcimonioso nas viagens. “O presidente tem que ter consciência que todo o aparato da Presidência é muito caro. Qualquer deslocamento já é caro. Saída de férias, viagem, será ainda mais caro. O homem público tem obrigação de zelar mais pelo dinheiro público do que pelo seu próprio dinheiro. Tem que usar com bom senso”, diz.
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