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Violência, sofrimento mental e acidentes de trabalho adoecem e matam jovens no Brasil

Estudo da Fiocruz revela quais são os maiores desafios do país para garantir a saúde da juventude

Violência, sofrimento mental e acidentes de trabalho adoecem e matam jovens no Brasil
brasildefato
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Uma pesquisa da Fiocruz investigou as principais causas de adoecimento e morte entres jovens no Brasil e concluiu que essa parcela da população é a grande vítima da violência, do sofrimento mental e dos acidentes de trabalho em território nacional. Os dados são referentes ao período de 2016 a 2022 e se baseiam em informações do Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo o estudo, a população com idades entre 15 e 29 anos respondeu por 33% dos mais de 1 milhão de ocorrências laborais com prejuízos à saúde. Foram mais de 345 mil casos nessa faixa etária. As taxas de incidência pesaram mais nos grupos de 20 a 29 anos. 

Mais de 78% das vítimas eram homens. No entanto, as mulheres apareceram em destaque na análise específica sobre acidentes de trabalho com material biológico, que pode estar contaminado e oferecer risco de infecção ou intoxicação. Mais de 37% das situações ocorreram entre jovens. Dessa parcela 76% eram mulheres. 

Bianca Leandro, professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e uma das coordenadoras do estudo, explica que 60% das pessoas na faixa etária avaliada estão no mercado de trabalho e mais de 43% delas atuam na informalidade. De acordo com a especialista, os dados dizem muito sobre a situação de fragilidade ocupacional que esse grupo vivencia cotidianamente. 

"Quando olhamos que acidentes de trabalho são esses, notamos que eles acometem principalmente os homens, em postos de trabalho que muitas vezes estão envolvidos em certa precariedade ou então mais expostas a acidentes, como trabalhadores da agropecuária, mecânicos, motofretistas.” 

Por outro lado, a pesquisadora ressalta que, entre jovens, os casos dos transtornos mentais relacionados ao trabalho atingiram mais as mulheres. Elas responderam por 74% das ocorrências registradas no período.  

“Se ressaltam mais os postos de trabalho que estão em contato direto com a população. O telemarketing apareceu bastante e também as trabalhadoras da saúde. É uma contradição do próprio processo. Quem presta assistência à saúde também está adoecendo neste momento.”  

Ainda assim, os transtornos mentais são a primeira causa de internação de homens entre 15 a 29 anos. Na lista de problemas observados estão esquizofrenia; psicose; uso de múltiplas drogas e outras substâncias psicoativas e uso de álcool.   

A pesquisadora Bianca Leandro destaca que os dados levantados explicitam a importância de que o sistema de saúde estabeleça uma linha de cuidados focados na juventude brasileira: “Precisamos encarar essa situação da saúde dos jovens na agenda do governo. Na pauta da saúde e, todo o esforço que fizemos de interface com o trabalho, mostra o quanto é importante também figurar na agenda do Ministério do Trabalho. Pensar na inserção do jovem no mundo do trabalho de um modo mais protegido e em como podemos pensar essa articulação da dimensão do trabalho sendo uma dimensão importante para pensar a organização do serviço de saúde.” 

Violência e mortalidade 

O dossiê mostra que a população jovem no Brasil representou 30% das vítimas de violência, seja ela física, psicológica, sexual ou fruto de abandono e negligência. O cenário foi pior nas faixas etárias mais baixas. Adolescentes de 15 a 19 anos apresentaram taxa de ocorrência duas vezes maior do que os jovens entre 20 e 29.

De todos os casos registrados entre jovens, 73% ocorreram entre mulheres. “É válido realçar que ao se comparar a taxa de ocorrência de violência entre mulheres jovens (15 a 29 anos) com as mulheres maiores de 30 anos, em toda a série histórica, as mulheres jovens tiveram uma taxa cerca de duas vezes maior que as mulheres com 30 anos ou mais o que indica uma maior vulnerabilidade das mulheres jovens”, destaca o estudo. 

A maior parte das mortes de pessoas jovens registradas no período analisado ocorreu por causas externas. Esses casos representaram 75% dos óbitos. Entre as principais causas, a pesquisa destacou agressões por arma de fogo e objeto cortante, enforcamento, acidente de trânsito e atuação de agentes legais, como policiais, também com uso de arma de fogo.

 

FONTE/CRÉDITOS: brasildefato
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